Júpiter
Um casal de vida supérflua e possuidor de grande fortuna viajava pelos continentes em busca de prazeres e dos mistérios da natureza, em razão de seu alto conhecimento científico nesse campo e de seu vazio interior por causa da esterilidade da mulher. Marido e mulher viviam numa verdadeira fuga do tormento deste sonho impossível: ter filhos.
Numa dessas viagens, no entanto, eles conheceram uma das maiores autoridades em reprodução humana que, sabedor do desejo de ambos, resolveu ajudá-los.
Por causa desse projeto, o casal e o cientista passaram a ter encontros frequentes e contatos diários a fim de encontrar uma solução para reverter a infertilidade dela.
Com o passar do tempo, após inúmeras tentativas sem resultados de concepção por meios laboratoriais, dada a frustração daquele casal, o médico lembrou-se de um amigo, cientista da NASA, especializado em inteligência artificial, que poderia ser útil às pretensões do casal. Combinado um encontro, o objetivo proposto foi aceito de imediato e, a partir de então, desenvolveram, fazendo uso da tecnologia 3D, a construção de um boneco com tecidos e órgãos semelhantes aos humanos que passaria a ser o filho do casal.
O projeto do filho passou a ser obsessão de todos e sua execução produzia um garoto de cinco anos com todos os movimentos humanos possíveis comandados por minicomputadores nele embutidos.
Faltava falar, eis o problema. Em esforço permanente, desenvolveram, por meio de software, milhões de situações em que um garoto de verdade pensasse, falasse e agisse.
A ficção tornou-se realidade, e o casal alcançou o sonho de ter um filho, mesmo sendo artificial. Deram-lhe o nome Júpiter. Sua alimentação consistia no carregamento das baterias e atualizações permanentes.
No começo, membros da família estranharam-no e até repudiaram-no, mas, com o tempo, passaram a admirá-lo ao notarem a felicidade do casal estendendo-se a outras pessoas e vizinhos.
Hoje, Júpiter é tão querido por todos, que há grande disputa por sua atenção.
Bruna Corrêa Malta – 8ºA – SAVI
