Colégios Vicentinos

A ARTE MAIS UMA VEZ MOSTROU-SE NECESSÁRIA.

Marcelo Peroni - Ator, Diretor Teatral e Gestor de Cultura de Jundiaí

Nós humanos, somos seres que vivem em grupo. Quando crianças, adoramos nos juntar para brincar, criar novos mundos, imaginar e se divertir. 

Quando idosos, agrupamos para rezar, jogar baralho, viajar, fazer ginástica, ver fotos ou relembrar os tempos passados. 

Adultos se juntam em grupos para grandes reuniões de negócios, para ir ao barzinho num happy hour com amigos ou para jogar conversa fora. 

E o auge de nossos agrupamentos acontece quando somos jovens. Quando saímos da infância o nosso desejo de agrupar-se aumenta ainda mais. Adolescentes precisam dos seus bandos, das suas tribos, dos seus iguais ou diferentes. Precisam abraçar-se muito, ficar juntinho, dar risada de qualquer coisa, estar com amigos. 

E quando nos vemos privados desses momentos? Quando tudo o que não podemos é estar “aglomerados”? 

Nos últimos meses todos nós tivemos que lidar com essa mudança drástica e súbita. Fomos obrigados a parar tudo. Estancamos. Paralisamos. Como Raul um dia cantou em seus versos, “A terra parou”. O planeta parou e exigiu de nós o distanciamento, o ficar em casa, só com os muito próximos ou mesmo sozinho.  As ruas que tanto amamos frequentar e que adoramos ocupar, ficaram vazias. Num primeiro momento parecia que nosso chão também havia sumido. O medo, o luto e as tristes notícias invadiram nossas casas, nossas telas e nossas mentes. Por um momento que durou quase uma eternidade, não sabíamos o que nos tiraria dessa solidão e tristeza. 

Refugiados e protegidos em nossas casas, fossem elas enormes ou de apenas um cômodo, o que foi devagarinho nos chamando de volta à vida foi a arte! Quase ninguém se deu conta ou percebeu. Mas ela foi ocupando espaço entre muitos de nós. Aos poucos nos apegamos aos livros, filmes, séries ou lives artísticas. Nos emocionamos, rimos, choramos e refletimos, ainda que fosse por um breve momento do dia com uma poesia postada nas redes sociais.  

De repente Harry Potter e seu universo fantástico invadem de novo os lares e estantes, a tocante história da Anne de Green Gables emociona e inspira meninas e meninos, Itamar Viera nos brinda com seu Torto Arado e até a Monalisa de Leonardo da Vinci ressurge em postagens animadas e divertidas. Extravasamos cantando em alto e bom som com nossos cantores preferidos, vemos surgir estrelas jovens mundiais que conectam jovens ao redor do mundo cantando de dentro de seu carro celebrando sua recente carteira de motorista. 

A arte mais uma vez mostrou-se necessária. 

O respiro poético é necessário. 

O teatro, 

A música, 

A dança, são extremamente necessários. 

A vida tem sido dura e a realidade nos mostra isso sem disfarces. A realidade pode parecer querer nos destruir, mas aí chega a arte e nos abre janelas para o mundo. E sorrimos, choramos, sentimos e seguimos, crentes de que vale a pena acreditar e lutar por mais um dia. E que esse dia seja repleto de arte, para que como bem disse Nietzsche, a realidade não nos destrua. 

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