Colégios Vicentinos

O cultivo de hortas como estratégia para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais

Alunos da Educação Infantil dos Colégios Vicentinos cultivam hortas na escola e desenvolvem suas habilidades socioemocionais, enquanto aprendem sobre meio ambiente, sustentabilidade e alimentação saudável

A Educação Infantil deve ser um espaço que possibilita às crianças o desenvolvimento de habilidades socioemocionais para a compreensão de que elas fazem parte de um grupo maior, além daquele que elas estão habituadas, a sua família.

A BNCC indica no Campo de Experiência “O EU, O OUTRO E O NÓS” habilidades a serem desenvolvidas nas diferentes faixas etárias.

O Projeto Socioemocional – Hortas possibilita vivências de planejamento, de plantio e de cuidado às hortaliças, e os alunos aprendem sobre sentimentos, reconhecendo-os e nomeando-os. Trabalhando em equipe, as crianças começam a perceber a importância de lidar com as frustrações, de respeitar o próximo e o tempo da natureza, para colherem os resultados ao término do ciclo, favorecendo assim o desenvolvimento de novas habilidades.

 

“Tem que cuidar das plantinhas, regando, colocando terra em cima e deixando no sol.”, explicou Giovana Maria Candia Vale Alves, que já assimilou os cuidados básicos para o desenvolvimento das plantas.

De maneira secundária, ainda que direta, o projeto conscientiza sobre o cuidado ao meio ambiente e a necessidade da mudança de hábitos alimentares.  O aprendizado sobre nutrição traz mudanças alimentação das crianças e isso acaba por influenciar as famílias que levam esse aprendizado para dentro de casa.
Os alunos do Nível IB, do Colégio Santo Antonio de Lisboa, plantaram alface e espinafre, alimentos ricos em vitaminas e minerais essenciais para a saúde.
Para a plantação, a terra foi preparada com húmus de terra de minhocas, do minhocário do próprio colégio, e colocada em um tanque com furos, evitando que fique encharcada. As hortaliças folhosas necessitam de maiores cuidados, por isso, a rega foi feita em dias alternados.

 

“A gente tem que esperar um tempão para ela crescer e poder comer.“ destaca Heloisa Savini de Morais, que teve a oportunidade de também observar esse processo na plantação de alfaces do avô, localizada no interior de São Paulo.

Acervo pessoal da família de Heloísa. 

“Tem que ter paciência para esperar crescer a alface” – completou  Lucas Ferreira Agostinho.

Os alunos puderam observar o crescimento das hortaliças e aparecimento de ervas daninhas, ressaltando a necessidade de cuidado para o desenvolvimento das verduras.

 

Durante o processo, sentimentos e emoções foram trabalhados e vividos, como por exemplo a paciência, a alegria e a frustação. A fala: ‘Nossa alface já está pronta?’ foi recorrente e, a cada observação, eles concluíam a necessidade de ter paciência e esperar mais um dia”, relatou a professora da turma, Ana Clara Scherer.

         No final do processo, perceberam que nem todas as hortaliças tinham crescido e poderiam ser colhidas.

“Teve alface que morreu porque outras pessoas puxaram a nossa alface antes da hora certa”, comentou Théo Costa Farias, que observou como a ação do homem pode ser nociva à natureza, interrompendo o processo.

 “Ou elas morreram porque alguém colocou muita água”, destacou Gael Sandes Toledo, percebendo que o cuidado também precisa acontecer na medida certa. A professora, em círculos investigativos, refletiu sobre o porquê isso pode ter acontecido e quais ações poderiam ter no próximo cultivo. A frustração foi sentida e acolhida e, juntos, encontraram uma solução.

“ A gente teve que dividir porque algumas morreram, aí todo mundo levou pra casa” , contou Rafael de Castro Lima Silva, sobre a partilha que foi realizada para que todos pudessem levar para casa uma amostra dos resultados da horta.

Esse momento da colheita foi de muita alegria, pois puderam ver o resultado de todo o cuidado e dedicação, além de proporcionar uma experiência gostosa em família, que compartilhou uma deliciosa hortaliça plantada por eles mesmos, explicou a professora Ana Clara.




“A Pati colocou a alface no pão e ficou muito bom, meu avô comeu”, contou Davi Bassani Paz,
sobre a experiência de degustação em casa.

“A minha mãe comeu toda a alface e nem tirou foto.” , comentou Gabriel Galhardo Araújo Cury, que também vivencia a experiência do cuidado de uma horta junto à família, pois seu tio Evandro é proprietário de uma horta orgânica em Santo André. 

Acervo pessoal da família de Gabriel.

Cada vez mais são encontrados espaços de hortas coletivas e domésticas, conforme constataram os alunos na pesquisa que realizaram em uma das etapas do projeto.

         Lara Dias Gonçalves relatou que no condomínio em que mora há um canteiro onde são plantados temperos para o consumo dos moradores.

Já o colega Enrico Pinheiro Recacho descobriu em sua pesquisa que mesmo em espaços pequenos, como as varandas de apartamentos, é possível cultivar ervas e temperos para consumo da família. A colega Ariadne Thaís Flores Daza apurou em sua pesquisa que algumas famílias conseguem gerar renda extra, vendendo a produção excedente.

         A preocupação com a saúde e o consumo de alimentos livres de agrotóxicos é outra motivação apontada por aqueles que cultivam as hortas orgânicas, conforme constatou Maria Cecília Bolgheroni Gannam.

         A colega Aurora Monteferrante de Andrade destacou que a criação de hortas domiciliares também contribui para o lazer e para a saúde mental daqueles que praticam esse tipo de cultivo.

Os colegas Lucas Ferreira Agostinho, Sophia Martins Glicério e Manuela Pavan Recacho apuraram as hortaliças mais comuns em hortas domésticas e urbanas: alface, tomate, salsinha, tomilho, manjericão, pimenta, cebolinha, orégano e frutas, como o morango, aparecem entre as preferências nas casas e apartamentos.

O projeto foi implantado há 04 anos pela Irmã Josivânia dos Santos, que comemora o sucesso da horta junto às crianças.

O cuidado com as plantas, o contato diário com a natureza, a observação do desenvolvimento de um ser vivo e os estímulos sensoriais proporcionam experiências únicas e vivências que auxiliam as crianças a perceberem seus sentimentos e a aprenderem sobre como lidar com eles. É um projeto rico em benefícios pedagógicos e socioemocionais.”

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