Analy Álvares, 79 anos, Atriz, Diretora, Professora, Dramaturga, Produtora de Peças Teatrais e Presidente da Associação de Produtores de Teatro, amante da profissão.
Foi com essa simpática senhora que os alunos dos 3º anos A e B, do Colégio São Vicente de Paulo – Penha, conversaram. Leia a entrevista e ouça o podcast para conhecer um pouco mais sobre a riqueza do mundo do teatro.
Analy, como foi sua infância?
A minha infância foi muito boa, eu era filha única até os 9 anos quando meu irmão Marcelo nasceu. Eu morava numa cidade chamada Paranapiacaba, e lá não tinha muito recurso para brincar. Porém, como minha família viajava muito para Santos, meus pais compravam muitos brinquedos. Desde criança eu tinha uma postura de liderança com meu grupo de amigos. A gente brincava muito de escolinha pois, meu pai fez umas carteiras com caixas de madeira com pezinho. Também brincávamos muito de teatro. No teatro, eu não vestia as roupas da minha mãe, ela fazia as roupas para nós de papel crepom! Eu tinha também uns discos de história que nós representávamos as historinhas. Depois eu mudei para Santo André, quando estava adolescente, e acabei indo fazer teatro.
Conte um pouco sobre a carreira de atriz.
Na verdade, eu acho que a gente não decide ser atriz, isso vai acontecendo na vida da gente! Quando eu morava em Santo André, fui assistir a uma peça no teatro perto de casa, eu já era adulta e trabalhava no banco. Quando eu saí, fiquei fascinada pelo espetáculo e falei para minha mãe que queria ser atriz. Logo depois apareceu um diretor profissional que estava convocando interessados em participar de uma peça. Eu fui fazer o teste, passei e ficamos dois meses em cartaz. Uma atriz muito conhecida foi assistir e disse eu deveria estudar teatro na Escola de Arte Dramática. Assim eu comecei a estudar teatro e foram três anos de escola que abriram minha cabeça para entender o que é fazer teatro, o que quer dizer ser ator. Então eu me formei e comecei a fazer teatro profissional.
Ser ator é uma coisa muito complicada, é uma carreira muito difícil! Não é ir para a televisão, para a frente da câmera, é ir para o teatro. Todas as peças têm uma mensagem e o que mais me encantou foi que eu podia transmitir essa mensagem para a plateia e isso eu achava uma coisa maravilhosa, porque o teatro é para isso: para se comunicar com o público e para dizer alguma coisa. O importante é que quando o público sai do teatro não seja o mesmo que entrou: você entra no teatro para ver uma peça de um jeito e você sai do teatro de outro jeito, porque essa peça lhe transformou. Isso que para mim era fascinante! Hoje não sou mais atriz, porque o teatro não é o mesmo que aprendi, pelo qual lutei e trabalhei. Me desencantei!
Mas eu não larguei essa profissão, eu passei a escrever. Eu fiz um curso de dramaturgia e aí eu descobri que escrever era muito mais fascinante do que estar no palco. Eu entendi que o ator ele se abre e o dramaturgo se fecha em si mesmo e diz aquilo que ele quer, e isso me interessava mais: dizer alguma coisa para a plateia.
O que a Senhora pode contar sobre o trabalho nas novelas e nas peças de teatro?
O trabalho na televisão é diferente do trabalho no teatro, completamente diferente. No teatro, você pega uma peça que tem início, meio e fim. Estuda aquela peça, entende quem é o personagem, como ele começa e acaba. Na novela você recebe os primeiros capítulos e decora suas falas, não conhece o personagem, não tem ideia de quem ele é, como ele termina. Então você não consegue trabalhar um personagem por inteiro. Por isso, não dá para dizer que um ator é bom ou ruim pelo seu trabalho em novela. Eu escrevi duas novelas e a que mais gostei foi As Pupilas do Senhor Reitor. E, se alguns de vocês têm vontade de seguir a carreira artística, não pense na carreira pela televisão.
Quais as atividades que desenvolve atualmente?
Eu estou escrevendo peças de teatro e sou presidente da Associação dos Produtores de Teatro. Também sou produtora e produzo as minhas peças. Porém, atualmente o teatro está muito difícil porque não tem mais público. As pessoas ficam em casa assistindo televisão porque as cidades estão muito violentas.
Seus filhos seguiram sua profissão?
Sou casada há 45 anos com o Luiz Serra e tenho duas filhas que conviveram muito com o teatro e os atores, mas nenhuma delas quis passar nem perto! Só minha neta, Valentina, que quer ser atriz.
Confira mais um trecho dessa entrevista acessando o link.