O vizinho estranho
Certo dia, eu e minha amiga Raquel estávamos nos divertindo em minha casa. Raquel era uma pessoa tímida e, principalmente, muito leal. Ela tinha cabelos loiros e cacheados e olhos azuis muito bonitos, eu adorava passar um tempo com ela. Mesmo que ela fosse totalmente diferente de mim, nós nos dávamos muito bem juntas!
Até que muita coisa mudou… Era um domingo chuvoso e estávamos em meu quarto quando vimos pela janela um garoto. Finalmente o meu novo vizinho tinha chegado! Ele era alto, parecia ter praticamente a minha idade, ou seja, 17 anos, e parecia não estar muito feliz com sua mudança.
Então eu decidi tentar conversar com ele. Quando percebeu que eu o estava encarando e acenando para ele, com um olhar assustado, correu imediatamente para dentro de sua nova casa. Eu e Raquel estranhamos esse comportamento, mas continuamos conversando.
Um pouco mais tarde, quando a Raquel já tinha ido embora, eu resolvi falar com ele, mas, quando bati à porta, seus pais me disseram que o filho tinha ido a uma floresta perto do nosso bairro, então fui atrás dele. No meio do percurso, acabei me perdendo, estava sem celular, só com um relógio de pulso, e não pude evitar em notar que já eram 23h59. Caminhei mais um pouco, até que finalmente o encontrei. Eu estava com muita fome, então pensei em pedir para irmos embora.
Mas, quando eu ia dizer uma palavra, aquele menino começou a mudar bastante, seu corpo ficou repleto de pelos, suas vestes se rasgaram e suas mãos e pés se tornaram patas, ele parecia se coçar de um modo incontrolável. Logo que vi, fiquei extremamente apavorada, como aquele simples garoto virou um lobisomem?
Sendo bem sincera, eu nunca acreditei nessas histórias que contavam, mas isso não se tratava de uma simples história, ele estava ali, bem na minha frente, então comecei a gritar e saí correndo, eu nem sabia para onde estava indo, mas essa não era minha prioridade naquele momento.
Quando ele me viu, seus olhos ficaram escuros e sua boca se encheu de saliva, ele começou a me seguir, só que muito rápido. Nessa hora entrei em pânico, ele queria me matar, por sorte consegui me esconder no meio dos arbustos e fiquei lá, em estado de choque. Mas havia uma coisa útil nessas histórias de lobisomens que minha mãe contava, lembrei-me de que esse efeito acabaria à 1h da manhã.
Olhei no relógio e eram 0h57min, até que ouvi alguns rosnados. “O faro de um lobisomem é muito bom e ele pode sentir minha presença a quilômetros de distância”, pensei. Olhei para baixo e vi seu focinho de cachorro, então comecei a correr novamente, mais rápido do que nunca. Seu sangue escorria pela boca, mas não resisti, não conseguia mais correr. Minhas pernas caíram no chão, acompanhadas do meu corpo.
Quando finalmente pensei que ele iria me matar, deu 1h. Ele se transformou em um garoto comum novamente e me pediu desculpas, dizendo que perdeu o controle, e me fez prometer que não iria contar para ninguém. Disse também que era por isso que se afastava o máximo possível das pessoas. Depois disso, fiquei com pena dele e me tornei uma ótima amiga, e ele, um ótimo amigo.