Profª Sílvia Fontana Piantavinha - Graduada em Letras – Linguística/Português pela FFLCH - Universidade de São Paulo/ Licenciada pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo/ Pós- graduada em Docência no Ensino Superior pela Universidade de Araras / Orientadora Pedagógica das séries iniciais do Ensino Fundamental do Colégio Santo Antonio de Lisboa
Arte é uma palavra de origem latina, ars, que significa técnica ou habilidade. O dicionário Houaiss a descreve como produção consciente de obras, formas ou objetos, voltada para a concretização de um ideal de beleza e harmonia ou para a expressão da subjetividade humana. Essa palavra traduz de forma metafórica o processo de alfabetização que envolve o professor alfabetizador que conduzirá conscientemente a técnica nas etapas de trabalho, a família/a escola que são facilitadores e reguladores do tempo necessário para a ocorrência do processo e a criança, simbolicamente representada pela concretização do ideal.
Inegavelmente, a transição do mundo da oralidade para o mundo da escrita é a primeira grande conquista acadêmica da criança e um sentimento imensuravelmente recompensador para o professor e para a família. Levar a criança a se apropriar da leitura e da escrita é de suma importância para que ela seja inserida na sociedade letrada.
Por muito tempo, a alfabetização foi entendida como um processo de memorização de letras e do modo como se agrupavam as letras, ou seja, concentravam-se todos os esforços na memorização das famílias silábicas para a composição de palavras soltas, que compunham pequenas frases que, por consequência, compunham pequenos textos, resultando, assim, na aquisição do código linguístico. Além disso, acreditava-se que a alfabetização ocorria unicamente no 1º ano do Ensino Fundamental.
Estudos na área de ensino da língua escrita comprovam que essa concepção simplista não garante o sucesso na aprendizagem. Hoje, é preciso entender a alfabetização com ênfase no letramento. Alfabetizar e letrar são processos distintos, mas inseparáveis.
O autor Artur Gomes de Morais, no seu livro Alfabetização e Letramento, conceitua o letramento como um conjunto de práticas que denotam a capacidade de uso de diferentes tipos de material escrito, ou seja, letramento é ir além de saber ler e escrever. É entender o que se lê e o que se escreve, relacionando, dessa forma, com o contexto social ao qual a criança está inserida.
Alfabetizar letrando significa conduzir a criança para que ela aprenda a ler e a escrever por meio de práticas reais de leitura e de escrita, como também situações que tornem reais e significativas as práticas de produção textual. Daí a importância de se trabalhar o ensino da língua, no decorrer dos anos escolares, por meio de gêneros textuais que apresentam função social, estrutura e linguagem específicas que ampliam as habilidades e competências da leitura e da escrita na criança.
O professor alfabetizador necessita de técnica, rotina programada e de muita sensibilidade na condução desse processo. O principal desafio é desenvolver saberes sobre o sistema de escrita (conhecer o alfabeto, a grafia de letras, distinguir letras de outras formas gráficas, dominar as convenções gráficas e outros) e os saberes sobre a linguagem escrita, compreendendo o universo e o tempo de cada aluno.
Nos Colégios Vicentinos, o processo de alfabetização e letramento tem início na Educação Infantil, momento em que a criança traz indícios de significado do escrito quando faz tentativas de leitura de cartazes ou folhetos. É nessa faixa etária que o aluno é convidado a conhecer o mundo da cultura por meio de projetos que oferecem a vivência real do conhecimento. Dentro desse mundo cultural está a escrita, uma das linguagens trabalhadas, assim como a linguagem oral, corporal, plástica, musical e matemática desenvolvidas com total preparo e competência profissional. Simultaneamente, há um preparo dos alunos quanto ao desenvolvimento das habilidades motoras, essenciais para o processo de escrita.
No 1º ano do Ensino Fundamental dos Colégios Vicentinos, a intencionalidade é voltada para a alfabetização letrada, conduzindo todo o processo de ensino-aprendizagem. Segundo o autor Stanislas Dehaene, no livro Os neurônios da leitura, enfatiza o método fônico sendo uma referência em países como Estados Unidos, França e Inglaterra, utilizado, principalmente, por apresentar resultados satisfatórios e efetivos de aprendizagem, pois atua no hemisfério cerebral esquerdo, especializado na linguagem, o que facilita o letramento e, também, porque a escrita é uma representação dos sons da fala por meio de símbolos/letras. O método fônico permite que a criança tenha maior compreensão do som das letras, sílabas, palavras, frases e textos, levando-a a uma escrita com maior consciência fonológica.
A consciência fonológica é uma habilidade fundamental para o desenvolvimento da leitura e da escrita. O radical fono, de origem grega, significa sons. Marlyn Jager Adamis et al na obra Consciência fonológica em crianças pequenas, atribui a consciência fonológica à capacidade mental (consciência) de refletir sobre a estrutura sonora (fonológica) da fala. Essa habilidade já é trabalhada na Educação Infantil por meio de jogos com rimas, músicas, contação de histórias e outras estratégias.
O método fônico é apresentado aos alunos a partir de uma narrativa encantadora e surpreendente intitulada Aconteceu na Floresta. Dividida em capítulos, cada episódio apresenta grupos fonêmicos e suas relações entre sons e letras. No início do processo, ao desenvolverem essas habilidades, os alunos começam a pronunciar com bastante precisão os sons nos momentos de leitura em voz alta, nos ditados e na compreensão de textos.
Os resultados do processo de alfabetização e letramento nos Colégios Vicentinos começam a ficar visíveis logo no primeiro semestre do ano letivo. O processo de cognição vai tornando o som uma habilidade mental e as palavras, as frases e os textos vão sendo lidos e interpretados quase que simultaneamente.
É nesse momento que a criança ingressa definitivamente no mundo da escrita, emocionalmente feliz e segura pela grande conquista realizada e preparada para descobrir e atuar de forma responsável no mundo em que vive.
Essa é a missão dos Colégios Vicentinos. Educar e ensinar com arte, para que o indivíduo seja feliz e protagonista de suas próprias conquistas.
O melhor método para a alfabetização é uma discussão antiga entre os especialistas no assunto e também entre os pais quando vão escolher uma escola para seus filhos começaram a ler as primeiras palavras e frases. Dessa forma podemos afirmar que o método fônico é inteligente, lúdico e nada mecânico. As crianças são alfabetizadas muito bem, num período de quatro a seis meses, quando passam a ler textos cada vez mais complexos e variados.
O método fônico é mais eficaz na compreensão e na produção de textos, porque, de modo sistemático e lúdico, favorece a autonomia de leitura e fortalece o raciocínio e a inteligência verbal.